As Bromélias são plantas nativas em nosso país, e há algumas décadas, sequer seria possível pensar que essa planta poderia participar dos jardins da frente de uma edificação. Era uma planta do "mato"... Isso parece pejorativo, mas era assim que era dito. Agora sabemos que é uma nobre planta de nossas matas, e essa consciência mudou toda a idéia antiga, não só sobre as bromélias mas também em relação a tantas outras plantas com imenso potencial ornamental, que são igualmente nativas aqui, em nossa terra.

Roberto Burle Max foi o primeiro paisagista a olhar essas plantas nativas de uma forma diferente, e a inseri-las nos mais nobres jardins das principais cidades brasileiras.

A partir de então, já faz algum tempo que  as bromélias começaram a entrar pela porta da frente dos jardins mais sofisticados, nos locais mais caros e requintados de nossas cidades. Podemos dizer que os nossos jardins ganharam em personalidade, e criamos um modo muito próprio de fazer jardins e também de gostar deles, mais assim, com o nosso jeito, com o nosso gosto, com muitas de nossas plantas e no estilo do Jardim Brasileiro.

Gostamos do contraste entre texturas e de trabalhar com granulometrias diferentes. Adoramos as linhas sinuosas que nos remetem à nossa tão variada geografia. Gostamos muito também de nossa flora, e agora a utilizamos em conjunto com as outras já utilizadas por aqui, introduzidas pelos portugueses e por outros imigrantes, mas que já se adaptaram ao nosso clima e também se incorporaram à nossa paisagem.

Assim como as Agaves da foto ao lado, provenientes da América Central, mas que já fazem parte de nosso ambiente tropical. O jogo de texturas entre pedras de tamanhos diferentes, a busca pelo desenho irregular que é típico das linhas da paisagem natural, parecem criar um contraponto, com a forma aparentemente organizada como os elementos são dispostos dentro do conjunto.

Quebramos a rigidez do artificialismo na forma de organização dos elementos vegetais e construtivos, com a utilização de linhas naturalistas. Essa é uma tendência confirmada em nossos jardins, principalmente nos urbanos, onde o artificioso e o naturalista, parecem precisar caminhar cada vez mais juntos, para que haja sobretudo Harmonia.

Arranjos com bromélias e palmeiras tropicais, entre pedras e elementos escultóricos, remetem á paisagem tropical e também ficam bem em jardins urbanos.

Mas existe uma ordem dominante no conjunto, onde os elementos não são dispostos aleatoriamente ou em maciços misturados com outras espécies, como é comum em jardins ingleses e americanos. Aqui, as espécies são agrupadas entre si, e cada conjunto é disposto de forma definida, como na foto ao lado.

Maciços formados por plantas de formas e cores diferentes, e que visualmente perdem o apelo visual que é dado pela unidade de um conjunto, são mais comuns nos jardins americanos que tiveram influências dos antigos jardins ingleses (confira na foto ao lado).

Já no Brasil, a característica é ganhar apelo visual pela unidade que um conjunto é capaz de obter. Assim, trabalhamos com espécies e variedades diferentes, ao mesmo tempo em que procuramos preservar dentro do conjunto, as características de cada elemento que o compõe.

Na foto ao lado é possível observar essa característica, quando percebemos a organização do jardim e a forma como as espécies são dispostas, em grupos ou maciços bem definidos, e que ganham com isso, maior apelo visual.

A forração em flores com cores análogas em tons  de amarelo e laranja, tem a propriedade de formar um conjunto e não exatamente de oferecer uma mescla multicolorida ou com formas e alturas diferentes. A composição ganha valor de conjunto e  visualmente se torna melhor compreensível. Essa é uma das principais características dos jardins brasileiros, independente se tem uma proposta mais ou menos formal.

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