O Art Déco  não foi aceito de maneira imediata por todos, muitos acreditavam ser melhor construir uma fábrica com tecnologia da época e contratar um arquiteto especialista em barroco ou gótico para dar um toque decorativo à fachada. Com isso, o ecletismo e diversos "neos" de  períodos do passado conviviam com um movimento que era da atualidade e percebia a vocação do  futuro nas linhas racionais e funcionais da arquitetura.
O art déco foi um estilo único. Nem sempre aceito, por vezes era considerado impróprio e sem tradição para caracterizar a fachada da  prefeitura de uma cidade que se considerava próspera e em ascensão, por exemplo.

DIREITA: Platibanda (mureta de fechamento do telhado) com elementos vazados geométricos, dispensando o uso da tradicional platibanda com balaústres clássica. Uso acentuado do vidro na fachada, incluindo os vidros coloridos em recortes geométricos. Apesar de uma tendência ao ecletismo (mistura de estilos) pela presença da padieira em cornija acima das janelas, este prédio caracteriza-se  no estilo art déco.

Platibanda vazada em formas geométricas, dispensando o uso da tradicional platibanda em balaústres dos períodos do passado. O ornamento é simples e de caráter geométrico.
A casa urbana brasileira do início do séc. XX tem a fachada no alinhamento frontal do terreno, a entrada é lateral, onde normalmente há uma varanda com gradis e estrutura de ferro.
 
Com muita freqüência a casa é geminada à vizinha, numa demonstração de um uso mais racional do terreno, o aparecimento do lote urbano.

Platibanda escalonada seja em linhas retas ou curvas geométricas. O uso de fachadas revestidas em granilhas cinzas era muito comum, o que na época rotulou, de certa maneira, as fachadas das fábricas e prédios públicos, num aparente desapego a cor em muitas situações, quando em outras os tons eram vibrantes. Era em fim, a liberdade no uso da cor, e adeus aos tradicionais e clássicos tons claros / pasteis, e a suavidade proposta pelos estilos clássicos do passado.

Agora a visão era de presente e de futuro. O Art déco foi portanto modernidade, e não foi por acaso que foi um movimento precursor do modernismo.

ACIMA: Cores fortes, platibanda escalonada e ornamentos reduzidos ao limite do necessário, essa a finalidade do art déco. Uma nova tipologia de prédios urbanos, o sobrado, onde no térreo há a loja comercial e acima o apartamento em sua primeira versão no Brasil.
 

Desenhos geométricos na platibanda e janelas com linhas retas e cantos arredondados, típicos da proposta da arquitetura art déco.

As cores são mais fortes que as usadas na arquitetura neoclássica, até por uma influência de tempos tão ecléticos, o art déco busca influências no movimento fovismo da pintura moderna para as suas cores tão exuberantes.

O Art Déco também rompeu com o passado, decidindo abandonar o bucolismo do romantismo e assumir uma postura bem mais funcionalista. Do ponto de vista da cor, essa ruptura também foi facilmente visível. Assim, os tons suaves do Neoclássico deram lugar aos tons mais fortes e ousados, e também aos tons mais sóbrios e escuros como os cinzas dos revestimentos em granilha que caracterizam a arquitetura Art Déco, principalmente nas construções de fábricas e prédios públicos.

ACIMA: O escalonamento da platibanda e o uso de
elementos geométricos como ornamento, aliados a
uma maior liberdade no emprego das cores, já que agora não se necessitava de tons suaves e bucólicos, são características marcantes das fachadas Art déco.

ACIMA: Nesse prédio a utilização do brise horizontal com finalidade de sombrear as janelas, extrapola o mero intuito decorativo e se justifica pela funcionalidade. Esses princípios vão nortear  as tendências futuras, durante todo o período da arquitetura moderna. O cinza propõe em muitas obras, a quase ausência da cor, assim como também se dispensavam os ornamentos.

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